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Brasília - 23 de novembro de 2024 - 23:05h
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Um dia na Normandia

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Por Pedro Nonato * 

Domingo passei o dia visitando a Normandia com um cunhado de Boston e ele, como bom americano que é, me pediu que iniciássemos o passeio pela praias do desembarque do Dia D, especialmente a área que ficou conhecida como Omaha Beach, em Colleville Sur Mer.

Omaha Beach foi um dos cinco setores nos quais tropas americanas desembarcam para invasão da Normandia, sendo que os outros quatro setores foram designados como: Utah, Gold, Juno e Sword.

O desembarque ocorreu ao longo do estreito da costa da Normandia no dia 6 de Junho de 1944, o mais conhecido “Dia D” da história militar e deu início à Batalha da Normandia – que também ficou conhecida como Operação Netuno – e marcou o começo da liberação de grande parte do continente Europeu da ocupação Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.

Com o estabelecimento de uma base firme de operações na Normandia, a Operação Netuno termina em 30 de junho de 1944, já a Operação Overlord continuaria até as tropas aliadas cruzarem o Rio Sena, em 19 de agosto de 1944.

No 8 de junho de 1944 o exército americano criou um cemitério temporário em Saint Mère Eglise que chegou a ter cerca de 20.000 soldados americanos mas, ao final da guerra mais da metade foram repatriados para ser enterrados nos Estados Unidos e a parte restante foi transladada para Colleville Sur Mer, logo acima da praia, onde hoje se encontra o Cemitério Americano da Normandia.

O Cemitério tem uma área de 72 hectares e contém os restos de 9.387 militares americanos sendo que a maioria destes morreram durante o desembarque e o restante nas operações seguintes e nele também se encontram os restos mortais dos aviadores americanos mortos em combate nos céus da França e seus túmulos estão assentados ao oeste, como se estivessem olhando para os Estados Unidos.

Além dos túmulos o Cemitério é composto por um edifício para visitantes onde há um pequeno museu com a história de toda a Segunda Guerra, com fotografias, filmes, armas, uniformes e muitas histórias.

Enterrada diretamente em oposição à entrada deste edifício está a Cápsula do Tempo, que contem notícias sobre o Dia D, realizada pela imprensa norte-americana presente ao desembarque e aqui enterrada em 6 de junho de 1969, 25 anos após o evento.

A Cápsula está coberta por uma tampa de granito rosa onde se lê “Abrir em 6 de junho de 2044” – quando o evento completará 100 anos e bem ao centro há uma placa de bronze enfeitada com as cinco estrelas de um General, onde se lê a seguinte inscrição: “Em memória do General Dwight D. Eisenhower”.

Gravados nas duas paredes de um jardim semi circular ao lado leste do monumento eregido em comemoração ao fim da guerra estão os nomes de 1.557 americanos que perderam a vida no conflito mas não têm puderam ser identificados ou achados.

No mesmo monumento se encontram dois pequenos recintos à cada lado onde podemos observar mapas e documentos sobre as operações militares ligadas ao Dia D e logo no centro entre os dois pequenos recintos há uma estátua de bronze titulada “Espírito dos Jovens Americanos” e no lado oeste do memorial há um espelho de água.

Ao deixarmos cemitério fomos para o Mont Saint Michel, situado na foz do rio Couesnon, no Departament de la Manche.

Este ilhote rochoso teve construído no ano 708 uma abadia em homenagem ao Arcanjo São Miguel e seu antigo nome em Latim era Monte Saint-Michel em perigo do mar, na forma original, Mons Sancti Michaeli in periculo mari.

Algum tempo depois, no Século X monges beneditinos instalaram-se na abadia e uma pequena vila foi sendo formada no seu entorno e muitos de seus prédios e habitações são, a título individual, classificados como monumentos históricos franceses.

Este mosteiro, fortificado no século XIII, tornou-se inexpugnável e mesmo durante a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra, resistiu a todas as tentativas inglesas de tomá-lo e por essa razão o Monte Saint Michel tornou-se um dos símbolos da identidade nacional francesa e ainda o ponto turístico mais freqüentado da Normandia e um dos primeiros da França, com mais de 2.500.000 visitantes por ano.

Uma estátua do Arcanjo São Miguel foi colocada no topo da torre da igreja, a mais de 170 metros de altura e o monte era ligado ao continente através de um istmo natural que era coberto pelas marés altas.

Infelizmente, ao longo dos séculos a planície alagável em torno foi sendo drenada para criação de pastagens, reduzindo a distância do rochedo à terra, e o rio Cousenon foi canalizado, diminuindo seu aporte de água e acelerando o assoreamento da baía.

Em 1879 o istmo foi reforçado e tornou-se uma passagem seca perene mas, em 2006 o governo francês anunciou um projeto para tornar novamente o monte numa ilha com a construção de barragens, o que deverá ocorrer até o final de 2014.

Na citadela medieval do Mont Saint Michel está o restaurante La Mère Poulard (que também abriga um hotel de 27 quartos, mas não nunca fiquei hospedado lá), que oferece a tradicional cozinha regional normanda, ao estilo caseiro.

Entre suas famosas receitas estão a omelete baveuse, o carneiro dos pastos próximos ao Monte Saint-Michel, a lagosta da Bretanha, peixes e mariscos da própria baía ao redor do monte e muitas sobremesas com tempero local: manteiga.

Aproveitei a jantei por lá mesmo um delicioso omelete de cogumelos.

* Publicitário, colaborador correspondente da coluna em Paris.

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