Ministro de Minas e Energia, em tom mais forte, culpa os sócios pelo apagão: “Nenhuma resposta foi dada porque o setor está privatizado”
O Governo Federal está convicto de que terá seu peso (elétrico) de volta na Eletrobras, no assento do conselho, e não apenas isso: quer voltar a ter mando compartilhado na empresa capitalizada há um ano para novos sócios. É o que deixou a entender nesta noite o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apontando o dedo para os sócios aproveitando o episódio do apagão nacional há dias:
“Temos uma participação acionária e queremos ela proporcional (aos 44% que o Governo detém de sociedade). Quando há incidentes como esse (o apagão) é na porta do Governo que o povo bate”, comentou Silveira para um salão lotado no 2º Fórum do Esfera Brasil, um think tank criado por grandes empresários para debater gestão pública e interface com o setor privado. O evento acontece hoje e amanhã no Casa Grande Hotel no Guarujá (SP).
Silveira aproveitou a oportunidade para alfinetar os sócios: “Nenhuma resposta objetiva foi dada até agora porque o setor está privatizado”.
A Coluna citou semana passada que o pedido de demissão do presidente da empresa de energia, Wilson Ferreira Jr, foi em parte , segundo fontes do setor, atribuída à pressão do Ministério para que a Eletrobras suspendesse o plano de demissão voluntária de 1,5 mil funcionários. Grande parte dos servidores de carreira não aceitou ainda o PDV por não ser atendida nas demandas – e o governo cobra detalhamentos, ainda não ouvido nisso.
Talvez por isso, Silveira esteja tão irritado com a empresa. Contou isso na sua fala no fórum, na frente de um salão lotado de políticos – também colegas de trabalho na Esplanada – e alguns grandes empresários do país.
“Estou otimista em avançar com a mão do Governo na Eletrobras. Nós queremos, através da Justiça, restabelecer o direito do povo brasileiro”, sentenciou o ministro mineiro, a seu jeito, que se diz confiante na ação judicial do Governo sobre a revisão do poder de voto no assento do conselho da elétrica onde já teve mando. Silveira garante que não quer briga, apenas o direito de o Governo retomar seu poder proporcional às ações que possui.
No 1º trimestre do ano, a Coluna revelou que representantes dos novos sócios foram ao Palácio do Planalto levantar uma bandeira branca, avisando que não queriam briga. Apenas uma governança corporativa de direito após a capitalização que tirou o poder do Palácio. Pelo jeito, não surtiu efeito, e a situação se judicializou.