Enquanto a FIFA sofre a maior devassa policial e judicial de sua história, com consequências que podem afetar diretamente a Confederação Brasileira de Futebol, avança na Câmara dos Deputados um projeto de lei (2832/11) do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) que estabelece responsabilidade penal para dirigentes de clubes de futebol que protagonizarem gestão fraudulenta.
‘A irresponsabilidade de dirigentes corruptos pode deixar órfãs multidões de torcedores. Nada é mais público no Brasil do que o futebol, a paixão nacional’, explica Moreira.
O PL teve parecer favorável pelo relator, deputado Veneziano Vital do Rêgo (PMDB-PB) na Comissão de Constituição e Justiça há duas semanas, e está pronto para ir a plenário.
VALE UM FILME
No olho do furacão da operação do FBI no coração da FIFA está o brasileiro J. Hawilla, dono da Traffic, empresa multinacional com direitos de transmissão de campeonatos e de passes de jogadores, principal pagadora de propinas aos cartolas, segundo a polícia.
Na sede da CBF no Rio a tese é a La cinema americano: Hawilla foi pego pelo FBI sigilosamente em Miami ano passado, e a ele foi oferecido benefício de redução de pena por delação, além de pagamento de multa, para escapar da prisão.
Com as informações de J. Hawilla a promotoria e o FBI cercaram os dirigentes ontem em Zurique. Como a promotoria americana informou que a investigação aborda casos de corrupção – lavagem de dinheiro, evasão fiscal, formação de quadrilha – dos últimos 20 anos, há suspeita de que a prisão de José Maria Marin é estratégia para chegar a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e dirigente da FIFA.
Hawilla, um ex-assessor especial de Pelé, ganha tanto dinheiro que em 2010 comprou o time Estoril, de Portugal, que logo depois subiu para a 1ª divisão.