A oposição quer um pente fino no método de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o desemprego no País. Os números podem ser muito maiores que o divulgado oficialmente pelo órgão.
Foi o que indicou o próprio coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto, Cimar Pereira, durante audiência pública no Senado.
Entre os tópicos destacados pelo senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), que convidou o técnico, destaca-se o fato de IBGE considerar empregada a pessoa que faz um “bico”, mesmo que uma vez por semana.
“Se o trabalhador está há mais de 30 dias sem procurar emprego, ele não entra na estatística dos desempregados, mas sim dos desalentados”, complementa o senador.
Há dois outros fatores que contribuem para a desconfiança de que os índices são omitidos. A geração “nem-nem” – jovens que nem estudam nem trabalham – também não é registrada nos levantamentos. São cerca de dez milhões de jovens nessa situação.
E o IBGE não contabiliza como desocupados quem está recebendo seguro desemprego. E são outros milhões.
Senadores ficaram surpresos com a declaração-desabafo do coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE na audiência:
“Eu nunca gostei, como técnico, de analisar o mercado de trabalho pelo desemprego e, sim, pelo emprego. Para analisar o mercado de trabalho, não se deve usar a taxa de desocupação como indicador sintético”, disse Cimar Pereira.