Nos bastidores da turma da investigação, delegados veem como açodada a decisão dos promotores paulistas no pedido de prisão do ex-presidente Lula.
Mas há uma motivação institucional maior.
O MP há anos luta no Congresso Nacional para ter poder de polícia, de comandar o inquérito, em lugar de ou em concomitância às Polícias.
O pedido de prisão de Lula tem, é verdade, respaldo documental na investigação minuciosa que o MP-SP promoveu sobre as fraudes da Bancoop no Edifício Solaris, onde Lula é suspeito de ter o tríplex não declarado. Mas a decisão seria para chamar atenção para o direito do MP à investigação e ao controle externo.
Na época da tramitação polêmica PEC 37, que não avançou no Congresso – tirava do MP poder de investigação criminal – os procuradores soltaram nota: “O MP não quer substituir as instituições policiais no trabalho de polícia judiciária, nem pretende competir”.