O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, a despeito da linha independente, tem dito que não há base jurídica para impeachment de Dilma Rousseff porque ele é o candidato do PMDB ao Planalto em 2018, e uma instabilidade sócio-política atrapalha seu projeto.
Ao repetir que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, é o nome natural do PMDB, Cunha segue à risca o projeto de poder do trio carioca e desvia as atenções para o verdadeiro script: Paes lança Sérgio Cabral à Prefeitura ano que vem, e depois é lançado ao governo do Rio. E ambos apoiam Cunha para a Presidência.
Cunha estava afastado de Paes e Cabral até o início do ano passado, quando se reuniu com eles e os convenceu de que seria eleito presidente da Câmara. Seu projeto passa pela presidência do PMDB, após deixar o comando da Câmara, e uma oferta irrecusável para convencer a legenda: sua lista de financiadores.
Até junho de 2018, Cunha não confirmará seu projeto, e deixará o mistério – tanto quanto o que o levou à casa do bilionário Jorge Paulo Lemann em Genebra ano passado.
O deputado angariou invejáveis R$ 6,8 milhões para sua campanha em 2014, e após eleito viajou de jatinhos da Líder (que o doou R$ 700 mil) pela eleição à presidência.