No Brasil, como diz o ditado popular, tragédia pouca é bobagem. Não bastasse o incêndio no prédio histórico do Museu Nacional ano passado, que consumiu em poucas horas todo o seu acervo secular e milenar, a administração do órgão recusa uma oferta de ouro.
O governo da Itália ofereceu peças arqueológicas raríssimas do acervo de Pompéia e Herculano, da região de Nápoles, em empréstimo por 20 anos para o Museu gerido pela Universidade Federal do Rio.
A oferta foi recusada porque, segundo contam as testemunhas do episódio, a direção tupiniquim quer doação, não empréstimo. Não bastasse o constrangimento, havia plateia: Uma delegação de diretores de museus italianos, que guardam peças significativas de milênios de impérios variados.
A direção do Museu Nacional confirma: “É importante destacar que o Museu tem como objetivo a doação de peças originais, única forma de recompor as coleções”, soltou nota.
A vice-ministra da Cultura da Itália, Lucia Borgonzoni, viajou ao Rio de Janeiro especialmente para o anúncio, confirma o Consulado na capital.
A direção do Museu afirma que “avalia positivamente o interesse” da parceria, mas que não há nada de concreto ainda em cooperação técnica. E que os “empréstimos a longo prazo poderão ser, eventualmente, discutidos no futuro”.
Memorial do fogo
Pelo menos oito prédios da UFRJ sofreram incêndios desde 2011, como os do laboratório da Coppe, do alojamento de estudantes e até no Hospital do Fundão.
Aliás, não há, no mundo, registro similar de uma gestão com tantos incêndios em universidades públicas, em tão pouco tempo. Nero ficaria enciumado.