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Brasília - 22 de novembro de 2024 - 5:31h
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Diário de um passageiro – JK e Congonhas, de lanche em pé aos bichos de pelúcia

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A série abrange as viagens do repórter realizadas de 5/12 a 3/01.
Esta série será reproduzida no Congresso em Foco,  Correio do Brasil  e Opinião e Notícia 

Segundo trecho

– > Brasília (JK) – São Paulo (Congonhas), dia 12 de Dezembro, voo 1201, GOL
< – Congonhas – JK, 12/12 – voo 1210, GOL

Há uma política de exclusividade para o comércio alimentício em certos pontos privilegiados dentro de terminais, na área de saguão e na de embarque. Daí você em muitos aeroportos encontrar apenas uma lanchonete ou restaurante – ou dois pontos da mesma franquia – numa área restrita.

É o caso do Aeroporto JK em Brasília. No “satélite” – aquele terminal de embarque de forma circular – há uma lanchonete onde se paga caro, as atendentes trabalham a ponto de pular para dentro de uma turbina ligada e você não tem lugar para se acomodar e comer. Come-se de qualquer jeito, sempre de pé, junto ao balcão onde cotovelos disputam vaga, ou nas poucas mesinhas de tampo redondo; ou junto às pilastras, onde tiveram a patética ideia de acoplar tampos curtos. Fato é que paga-se muito, para um serviço feito às pressas após duas filas imensas, e paga-se caro. O preço do monopólio. Assim se repete em outros terminais.

A turma do lanche perto da lanchonete:aperto total, de pé

Naquela manhã do dia 12 de dezembro, uma segunda-feira, acordei às 5h30 para o voo das 7h16, que saiu no horário previsto. Aeroporto pouco movimentado. Inclusive no trânsito para chegada e saída.  Fizera exatamente um mês antes, sem transtornos, o mesmo trecho Brasília (JK) – São Paulo (Congonhas), dias 12 (ida, num sábado pela manhã) e 14/11 (volta, segunda, véspera do feriado de 15), nos voos 1339 e 1202  da GOL, respectivamente (um detalhe importante aqui, voo GOL porque tenho programa de milhagem, mas, vocês verão, voei por outras duas companhias em outros trechos).

O vaivém tranquilo do setor de embarque daquela manhã contrastava com a cena da lanchonete lotada e agitada, uma fila que passava de 15 pessoas para o caixa, e outra, de mais 10, para atendimento. Essa lanchonete me irrita.  Encaixada perfeitamente num lugar errado. Coisa da logística da Infraero.

Reposição de bagagens em Congonhas: 6 esteiras e pouca espera. Ainda bem. Era uma segunda-feira fraca
Painéis gigantes num corredor do desembarque de Congonhas: bonitos, mas pouca gente os vê

Não é particularidade de Brasília. Encontrei outros pontos de venda, de variados produtos, estranhamente fixados em boxes nos terminais, no saguão e nas salas de embarque, uns encaixados num canto de noventa graus, sem trabalho para o passageiro com bagagem, outros desastrosamente jogados no seu caminho, e vendendo produtos não muito chamativos para o público.

É o caso daquele Box arredondado no meio do caminho no corredor de embarque de Congonhas (veja foto): bonecos e bichinhos de pelúcia para um público que, provam os desfiles de moda ali de domingo a domingo, é praticamente de executivos nas viagens diárias de bate-e-volta. Não longe dali, alguns metros antes, logo depois de passar pelo raio x (isso vale outra história), o cidadão depara-se com um cenário de shopping. À frente, uma movimentada e ampla cafeteria. De um lado e outro, lojas de roupas de grife, livraria, charutaria, mais cafés, salas Vips de banco e, se não fossem os fingers e a vista da vidraça para a pista, você passava o dia pensando estar no Morumbi shopping.

Loja de bichinhos, um obstáculo na passagem: sem comentários

Do lado de fora, o desafio, a pista. Numerosas vezes já ouvi de comandantes as agruras para subir e descer numa pista que consideram perigosa, por ser curta e dentro da maior cidade do país, um rasgo negro no emaranhado de blocos de concreto, a única porta de entrada para eles, é o que veem lá de cima: a pista, e ai de quem errar a aproximação e velocidade, e ai daquele piloto que não subir ou descer mesmo em dias de chuva – sabemos o que houve em julho de 2007. Há o mercado, o avião está lotado, o patrão precisa pagar o leasing do jato e a turma do manche precisa do emprego. É uma lógica turbinada, literalmente.

Fui e voltei sem problemas, resolvi a tempo meus compromissos, nenhuma companhia aérea naquele dia estragou minha viagem. Os voos partiram na tolerância da Anac. O terminal sempre movimentado de Congonhas – e não lotado, ressalte-se – não me espanta mais. No entanto, os check ins estão saturados. Não cabe mais ninguém. Uma nova companhia qualquer que quiser atender para despacho ali, só na calçada. E haverá alguém na Infraero para propor o “Puxadinho”, claro.

Setor de raio x de Congonhas. Amplo e bem organizado. Mas passou dali, você se sente num shopping

Noves fora devaneios do saguão à pista, detalhe para as saídas dos dois aeroportos, JK e Congonhas. Não é um caos, nem mistério. Há táxis de sobra em ambos, embora o sistema de Congonhas seja bem mais organizado, com filas e carros melhores. Em Congonhas, me chamou a atenção um grande painel instalado num dos corredores de acesso à saída, ele mostra as chegadas e partidas. Pelo lugar fixado, um belo enfeite. Apesar de eficaz, poucos param ali, e os que se detêm, percebi, admiram mais a beleza do jogo de cores que a própria informação.

Já em Brasília há menos painéis. O cidadão que evita o táxi comum e opera com companhia tem de atravessar uma pista, pegar sol ou chuva e esperar seu carro numa segunda passagem. O Governo do Distrito Federal e a Infraero disponibilizaram um serviço de ônibus executivo para o Plano Piloto (veja foto), para os que têm tempo e desejam evitar o táxi caro. Poucos conhecem o serviço.

Placa sobre os ônibus Aeroporto-Plano Piloto: escondidas e discretas, parecem, de longe, anúncio de ônibus turístico

Há promessa de implantação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para ligar o JK ao fim da Asa Sul, com velocidade média de 40 km por hora. Não acho que fará sucesso. Servirá para passeio. Quem chega em Brasília sempre tem pressa, de ir para casa ou para reuniões. Como o brasileiro é apressado!  E anda tão apressado que passou a voar. E a cada dia mais.

Leia abaixo a reportagem do primeiro trecho

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