Eduardo Cunha entrava no recesso parlamentar tranquilo e em lua-de-mel coma população até a delação do lobista Júlio Camargo o levar para o olho do furacão.
O presidente da Câmara está irritado principalmente porque a delação mela os acordos que pretende com o PMDB do Rio, onde fica nos próximos dias.
O desenho da patota que manda no partido é iminente porque seu esboço passa pelas eleições municipais: o plano por ora é lançar o líder na Câmara, Leonardo Picciani, a prefeito (ou vice na chapa de Pedro Paulo, o preferido de Eduardo Paes); seu pai, Jorge Picciani, hoje presidente da Assembleia Legislativa, disputaria o Governo do Estado; Eduardo Paes lançado à Presidência; e Cunha na coalizão na disputa pelo Senado.
Ao romper com o Governo, o presidente da Câmara conseguiu o que queria: inverter os holofotes. Desde seu anúncio, só se fala nas ruas, nos sites, nos gabinetes e rodinhas de empresários de sua briga com a presidente Dilma. Tirou em parte os holofotes sobre o delator e a acusação de propina de US$ 5 milhões.
Cunha lembra o caso de Anthony Garotinho em 2006. Pré-candidato ao Planalto, o ex-governador entrou em greve de fome, na sede do PMDB do Rio, assim que estourou na mídia investigação do MP sobre repasses de R$ 300 milhões do Governo de Rosinha, sua esposa, para uma ONG suspeita. Por mais de um mês, mais se falava – inclusive na mídia – da saúde do ‘Bolinha’. A ONG sumiu do vocabulário popular.
Em tempo, Cunha e Garotinho já foram muito aliados. Mas romperam anos atrás. Clarissa Matheus, deputada federal e filha de Garotinho, é ‘a presença do pai’ contra Cunha no plenário. Ela pretende trocar o PR pelo PSDB no Rio.
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