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Brasília - 25 de novembro de 2024 - 0:57h
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Crônica – Dia do Homem

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Eu instituiria, em ato oficial, o Dia Internacional do Homem. Porque essa raça ainda existe, persiste, luta – entre eles próprios – apesar da onipotência feminina neste mundo moderno.

No Dia Internacional do Homem, nós, homens de verdade, seja qual for a opção sexual – porque homem que é homem é liberal – seríamos o centro das atenções.

Ganharíamos presentes no trabalho – bolas de futebol, canetas caras, charutos cubanos, vinhos franceses, chuteiras, livros para os mais cultos e, quem sabe, até caixas de cerveja. Ligaríamos para a casa ou o trabalho de nossas mulheres, “oi amor, adorei, te amo!”. Sem contar do cartão virtual enviado por e-mail com um grande recado: “Parabéns pelo seu dia!”.

Nesse dia especial, chegaríamos em casa com a surpresa de um jantar bem servido à luz de velas, com serenatas debaixo da janela, quatro músicos entoando o hino de nosso clube de futebol, e choraríamos de alegria com a notícia: “Amor, amanhã você pode ficar até tarde com a sua turma”. Melhor seria um “pode viajar com os filhos da puta do bar”.

Toalha molhada na cama e meias penduradas na cabeceira, calça suja no sofá, copo mal lavado na pia, tênis com barro no tapete persa na casa da sogra… nada disso importaria, é o Dia do Homem e parabéns a todos, é tudo liberado. Ah, claro, botar os pés na mesinha de centro da sala, sim, sem problemas. Em casa e na sala da sogra, também, com a melhor recompensa para um genro: ela sorriria para você, pois é o seu dia.

Receberíamos, logo pela manhã, beijos e abraços ao abrir os olhos colados de remela; café da manhã na cama, chinelos novos e jornais matutinos com aquela manchete: Dia Internacional do Homem mobiliza o planeta em atos públicos.

Ah, que bom, as feministas cederiam um tempinho em suas agendas para ouvir o que temos a falar do mundo delas, críticas ao modo de vida das mulheres independentes tomariam a programação das tevês. Jornais, rádios, revistas fariam matérias especiais: quão dura é a vida de pais solteiros, homens largados por namoradas, machos que se viram sozinhos e aqueles que não vivem sem elas. Histórias de amor pela metade e outras, do reencontro, concluiriam o happy end das reportagens.

As mulheres, nesse dia, estariam proibidas de bater em seus maridos indefesos – o governo cria, com decreto no Diário Oficial, a DDDH, Delegacia de Defesa dos Direitos do Homem e logo em seguida casos diversos seriam registrados: “Ela me jogou um cinzeiro…”, “Ela me atirou uma frigideira”, “Ela me empurrou da cama porque eu ronco”, “Ela tentou me castrar”. Elas seriam proibidas de usar termos pejorativos no trato familiar – canalha, cafajeste, pilantra, sacripanta, malandro, sem vergonha, pulha, mau-caráter, indecente, ordinário e outros adjetivos.

E na manhã seguinte, fim do dia comemorativo, ai de quem reclamar da volta à rotina. Elas voltam com aquela soberania peculiar e uma sensualidade dominante.

Ah, mas como seria bom esse dia…

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