Uma assembleia de acionistas marcada para quarta-feira (3) para decidir o futuro do maior parque de diversões de São Paulo e um dos maiores do país, o Hopi Hari – em Vinhedo – pode causar tanta confusão a ponto de parar na delegacia e na Justiça.
Numa reviravolta no mundo dos negócios, os donos do parque que segue em recuperação judicial anunciaram um acordo com aporte bilionário para manter o complexo.
Um grupo concorrente que administra parques como Beto Carrero entrou de última hora no páreo, sem habilitação, e tenta até ingerência dentro do BNDES – o maior credor do Hopi Hari, para desestabilizar o plano, acusam os atuais proprietários.
O atual controlador já apresentou ao banco de fomento uma proposta de renegociação das dívidas que agradou aos gestores. E que será colocado em votação na quarta-feira.
O que se espera de uma simples assembleia para votação pode acabar nos tribunais e prejudicar a operação diária do parque. Segundo os proprietários do Hopi, o grupo concorrente visa tumultuar o que já está bem avançado no acordo com credores, colocando em risco o emprego de 1,2 mil pessoas e a operação do complexo de entretenimento.
O que move os concorrentes nos trilhos dessa montanha russa foi a revelação de um acordo do Hopi Hari com a Whitehall & Company LLC que envolve US$ 500 milhões – cerca de R$ 2,8 bilhões. O montante garante a cobertura para credores como o BNDES e novos investimentos no complexo que recebe mais de 26 mil pessoas por dia.
A novidade pousou nas mesas do BNDES e outros credores como um alívio a tempo de salvar a operação do parque – e mais, dar fôlego para que continue sem percalços. Isso irritou a concorrência, que agora levará à Assembleia uma proposta de compra com seus temos. Leia abaixo a nota oficial que o Hopi Hari divulgou:
_Sobre a proposta divulgada pela imprensa, antecipadamente, reiteramos que o Hopi Hari vê com bons olhos toda e qualquer proposta de parceria e investimentos para o crescimento do parque, contudo, a partir de uma prévia análise jurídica, adiantamos:
a) O grupo autointitulado de investidores apresentou uma ‘proposta alternativa de plano de pagamento’. Este grupo é formado basicamente por atores do mesmo ramo de atividade das recuperandas, alguns deles seus concorrentes diretos, o que funda dúvidas quanto a sua verdadeira intenção com a apresentação desta “proposta”;
b) O movimento foi organizado às vésperas da AGC, o que preocupa ser uma tentativa de desestabilização do processo, o que pode prejudicar o empreendimento e seus credores;
c) Aparente ausência de legitimidade do “Grupo Investidor” para a apresentação da referida proposta alternativa de pagamento, vez que nenhuma das empresas que compõem o grupo sequer figura nos autos como titular de créditos sujeitos ao presente processo recuperacional, razão pela qual, por conseguinte, sequer podem participar na AGC já em curso;
d) Frise-se que o tema da apresentação de proposta alternativa por credor, inclusive, já foi objeto de decisão do juízo nos autos, ou seja, nem os próprios credores, podem apresentar uma proposta alternativa, como poderia um terceiro, que nada ou pouco conhece do processo, nunca se manifestou nos autos e que não possui interesse legítimo na recuperação judicial, ter essa prerrogativa?
e) Resta claro que não havendo a possibilidade jurídica de apreciação da chamada ‘proposta alternativa de plano de pagamento’, cabe aos credores deliberar sobre o 4º Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, decidindo o destino das sociedades, dos empregos e de seus créditos.
Conclui-se que uma proposta de última hora, formulada por quem não tem interesses transparentes, posto que são concorrentes, e, ainda, formulada sob condição, o que permite sua retirada a qualquer tempo, seja elemento para tumultuar o processo, e pior, a influenciar a decisão.
O Hopi Hari reitera seu compromisso de agir com transparência e responsabilidade com seus credores e afirma que o objetivo que guia suas ações é a proteção de seus credores, através da continuidade de suas atividades – graças a união e força de sua equipe, geração de riquezas para pagamento de suas obrigações e a manutenção dos empregos ligados, direta e indiretamente, às suas atividades.
A gestão tem expectativa em, na conclusão, da Assembleia, avançar de forma estruturante e conclusiva essa importante fase do processo de recuperação, rumo a expansão do plano de crescimento e investimentos no Parque.