As autoridades policiais da Bahia e em Brasília já sabem das ligações político-eleitorais e até judiciais de invasores do Movimento de Resistência Camponesa, que ocupou seis fazendas no trevo do balneário de Trancoso, em Porto Seguro. No sábado, eles bloquearam dois trechos da estrada em protesto. Por trás do discurso de reforma agrária há interesses de comercialização de terras.
Policiais que acompanham o MRC constataram que a maioria dos invasores nunca pegou numa enxada, vem de periferias de cidades vizinhas e têm amparo de políticos.
Dois são citados entre os barracos: o deputado federal e ex-sem-terra Valmir Assunção (PT-BA), com reduto eleitoral na região, e a candidata a deputada federal Ivoneide Caetano (PT-BA), esposa do ex-secretário de Relações Institucionais do Governo da Bahia, Luiz Caetano. Em foto, o casal aparece ao lado de Jocksan Gomes, o líder do MRC nas invasões em Trancoso.
Já Valmir, o deputado que tenta a reeleição, investe no voto dos “sem-terra”. Ele mantém em Brasília sala com cozinheira para receber excursões quando promovem protestos na capital. A Coluna procurou todos eles, mas até o fechamento ninguém se pronunciou.
O Judiciário contribui para o clima de tensão. No Tribunal de Justiça da Bahia, nada menos que 35 juízes e desembargadores se disseram suspeitos para julgar pedidos de reintegração de posse das invasões do Mirante do Rio Verde (desde 2020), uma reserva de mata de 122 hectares, e desta do trevo de Trancoso.
Um advogado e um desembargador já foram citados em representação no Conselho Nacional de Justiça por suspeita de prejudicar a tramitação dos processos. Vale lembrar que o TJBA já foi alvo da PF com magistrados presos por suspeita de ligações com grileiros.