A Comissão Nacional da Verdade ficou impotente diante do pacto de silêncio dos militares que atuaram contra guerrilhas durante a ditadura, e justifica com respostas sem nexo.
O tenente José Conegundes do Nascimento, que se negou a comparecer a audiência com as respostas ‘se virem’ e ‘não colaboro com o inimigo’, foi classificado com problemas mentais. Não procede.
Conegundes está tão esperto quanto outrora, e usou sua boa memória – a mesma que a CNV tentou explorar – para ajudar o major Lício Maciel a escrever o recém-lançado livro Projeto Orvil, sobre a atuação detalhada dos militares na repressão em várias frentes.
LADO A LADO
Conegundes atuou com Maciel desde abril de 1972. Participou das mortes, em combate, dos guerrilheiros André Grabois, João Calatroni, Antônio Lima e Divino Ferreira.
E já confessou em livro ter matado a guerrilheira Lúcia Maria de Souza, quando ferida no chão.
CANTA, CURIÓ!
Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, e o coronel da reserva José Brant Teixeira, membro do Centro de Inteligência do Exército, também se recusaram a falar.
Todos eles atuaram no Araguaia no extermínio dos guerrilheiros. Brant foi um dos mais ativos, em operações rurais e urbanas. Era especialista em recrutamento de informantes, e tem no currículo uma curiosidade: namorou pelo menos uma atriz famosa no Rio de Janeiro.
Até 2008, Brant visitou Xambioá, na região do Araguaia, para manter na linha os antigos guias dos militares. Usou o codinome de Dr. César.