Por Pedro Nonato
Mito da moda, Coco Chanel – criadora do “pretinho básico”, que revolucionou o vestuário feminino na década de 20, a estilista francesa ,é celebrada em mostra de Hamburgo que conta sua história, em dezenas de peças de sua autoria ou inspiradas por ela.
Pode-se chamar Coco Chanel de muitas coisas, menos de insegura. “Este vestido básico vai virar uniforme de todas as mulheres de bom gosto”, declarou à revista americana Vogue, em 1926. A confiante estilista francesa referia-se a nada menos do que o lendário “pretinho básico”, peça encontrada atualmente nos mais variados cortes e tecidos nos armários femininos de todas as partes do mundo.
Apesar de não ter sido exatamente a criadora do modelito, foi Chanel quem o tornou um clássico da moda. Ao lançar a elegante peça, com caimento no joelho e todo na cor negra, Chanel chocou a sociedade conservadora da época e quebrou tabus. Até então, as mulheres usavam roupas até o tornozelo e o preto era relegado às serviçais. A confiança da estilista francesa, porém, convenceu os editores da Vogue a anunciar “o vestido que o mundo todo vai usar”.
Em pouco tempo, mulheres de todas as partes do planeta estavam trajando peças desenhadas por Coco Chanel. Não apenas vestidos, mas também tailleurs (conjuntos de casaco acinturado e saia), bolsas e bijuterias. Depois veio o famoso perfume Chanel N° 5, de fragrância inconfundível e vendido num vidro elegante e simples. Com suas criações, a estilista francesa alcançou fama e popularidade como poucos no mundo da moda.
As marcas do mito Chanel fazem parte de uma exposição itinerante aberta nesta sexta-feira (28/02) no Museu de Artes Aplicadas de Hamburgo. Até 18 de maio, visitantes de “Um sopro de Chanel” poderão ver de perto mais de 70 peças de vestuário e bijuterias criadas pela estilista, além de dezenas de outras por diferentes designers, inspirados nela.
No princípio eram os chapéus
Nascida em 1883 em Saumur, na região do Loire, Gabrielle Chanel ascendeu ao mundo da moda por um golpe do destino. Após a morte da mãe, em 1895, foi acolhida num orfanato, onde aprendeu as aptidões que a levariam ao topo: corte e costura.
Gabrielle virou Coco na época em que trabalhava como cantora num café. Sua grande paixão, porém, não estava no mundo da música, e sim no universo da moda. Em 1910, a jovem francesa deu o primeiro grande passo nessa direção, ao inaugurar uma loja de chapéus em Paris.
Três anos mais tarde, abria uma boutique de moda e, em 1915, sua primeira grande loja. Com o estrondoso sucesso do vestidinho preto, já na segunda metade dos anos 1920 Coco Chanel ostentava uma situação financeira sólida.
Para Chanel, a razão do sucesso de suas criações era simples: “Devolvi ao corpo das mulheres a sua liberdade.” Na década de 20 as mulheres passaram a mostrar mais de si, irradiando autoconfiança, corpetes e espartilhos apertados viraram coisa do passado.
Além de atender às necessidades de suas contemporâneas, Chanel definiu o estilo de uma época. Suas criações eram simples e elegantes, confortáveis e cheias de estilo. E ela era, acima de tudo, autêntica: sua casa de moda jamais lançou um modelo que ela própria não teria usado.
Seguindo o lema “Você é o que veste”, Chanel contribuiu significativamente para a criação da “nova mulher”, que não tinha mais nada a ver com a imagem empoeirada e austera da sociedade de antes da Primeira Guerra Mundial. O comprimento das saias encolhera do tornozelo para logo abaixo do joelho –para quem sequer usasse saia: numa outra queda de tabu, a própria Coco por vezes preferia calças compridas.
Mesmo após a morte da estilista, em 1971, o mito Coco Chanel manteve-se vivo. Sua marca, porém, perdeu a força, e só se restabeleceria em 1983, quando o alemão Karl Lagerfeld assumiu a direção artística do ateliê. Várias vezes ele incorporou as ideias da fundadora em suas criações. Mais do que tudo, porém, acatou a receita de sucesso da estilista francesa, que ela própria resumiu em uma frase. “Um vestido bem cortado cai bem em qualquer mulher: ponto final.”
Com informações da Deutsche Welle.