Por Eurico de Andrade Neves Borba
(Este artigo/manifesto é longo e talvez enfadonho, mas acredito ser importante refletir sobre suas considerações e proposta. Como os grandes jornais não se interessam em publicá-lo resolvi correr o risco de encaminhá-lo, pela internet, para um grande numero de pessoas com a esperança que o mesmo seja retransmitido para outras e que produza algum efeito. Desculpem a ousadia, mas eu, como tantas outras pessoas, estamos muito preocupados com a situação política e convencidos de se deve fazer alguma coisa. Esta é a minha contribuição).
Estou me referindo às eleições gerais que se realizarão no próximo mês de outubro, quando elegeremos o Presidente da Republica, Senadores, Deputados Federais, Governadores e Deputados Estaduais.
É o momento máximo da democracia – o exercício pleno da liberdade política. É o instante sagrado da convivência democrática.
Para tanto o povo precisa estar bem esclarecido e convencido sobre as mensagens e propostas dos partidos e eleger os melhores candidatos, os mais honestos, competentes e patriotas, aqueles que estão dispostos a dedicar suas vidas para o bem e à construção de um Brasil mais justo e feliz.
O triste, o trágico, é que a situação da democracia representativa, em todo o mundo, vem se deteriorando há algum tempo. Uma expressiva parcela de corruptos, incompetentes e irresponsáveis se tornaram donos de parte do processo democrático e a cada eleição se perpetuam nas mesmas posições ou em posições semelhantes e continuam a liquidar com as esperanças e os sonhos de milhões de cidadãos. Favorecem a corrupção ou fortalecem os mecanismos de dominação social e política, impedindo que os ideais da liberdade e da justiça se consolidem nas instituições republicanas e nas práticas democráticas.
Se não existem mais partidos confiáveis, se os candidatos são todos parecidos, como escolher os melhores, os mais adequados para a “reinvenção” da democracia, para a recuperação moral e política do Brasil?
São os eleitores que farão isto pelo voto – o consagrado método democrático.
Como alertá-los, como indicar os melhores candidatos, independente dos partidos, se as máquinas de propaganda, altamente financiadas pelo poder econômico, aliado aos maus políticos seduzem e induzem o povo, principalmente os mais pobres e menos instruídos, a votar em quem moralmente não merece?
Só resta tentarmos mobilizar a sociedade civil em torno de sugestões de cidadãos reconhecidos pela nação, respeitados e de responsabilidade comprovada, por exemplo: ministros aposentados do STF e do STJ, desembargadores aposentados; reitores de Universidades; escritores de projeção; membros da Academia Brasileira de Letras; enfim nomes como esses que possam em cada capital, em cada estado afirmar, claramente: “indico fulano para tal posição, pois confio nele”. Devidamente autorizados, estes nomes de brasileiros ilustres apareceriam na propaganda, mesmo nas mais humildes, alertando a população para os nomes a serem considerados na hora da votação. Se esses ilustres brasileiros, convocados para esta missão histórica, forem rigorosos nas escolhas dos nomes que estão indicando e os eleitores levarem em consideração estas indicações, certamente alguma coisa vai acontecer e as chances de vitória dos bons candidatos aumentarão, renovando profundamente o quadro de parlamentares e restaurando a possibilidade da esperança de um novo Brasil poder, novamente, prosperar.
Não sei como poderei chegar ao grande publico e, no meio de tantas solicitações e preocupações que o dia a dia da vida impõe pedir às cidadãs e cidadãos para pensar e decidir sobre assunto tão importante para o futuro das suas vidas. Essas pessoas de boa vontade, possuídas de amor pelo Brasil deverão, ainda, dedicar nos próximos meses, algum tempo, de seus horários tão apertados, contribuindo para a realização de um sonho coletivo. É um sacrifício que vale a pena ser considerado em alguns momentos históricos importantes, como o atual. A sociedade civil, em certos momentos, além do que a rotina política determina, precisa ser convocada como um todo e agir com denodo e competência, independente dos partidos políticos, dos políticos, dos “marqueteiros, do poder econômico. O povo, na verdade, é o agente que escreve a história – vamos exercer este direito.
Para tanto, em primeiro lugar, é preciso disposição e determinação de uma parte da sociedade brasileira para fazer o trabalho de organização, por região, de grupos de trabalho dividindo tarefas e esclarecendo, pelas redes sociais, (um grupo expressivo de pessoas, não, apenas, um eleitor isolado), o que se pretende. Estes vários grupos regionais procurariam os nomes ilustres de suas regiões para convencê-los a participar da cruzada cívica de recuperação da política brasileira, solicitando a autorização de suas participações. Depois fazer com que os candidatos, não os partidos, percebam a importância e o valor do aval que poderão vir a receber como apresentação de suas campanhas e de seus nomes – hoje em dia, o que mais se quer são candidatos honestos e competentes. Em segundo lugar é preciso que as pessoas citadas, (ministros e desembargadores aposentados, reitores, homens e mulheres intelectuais), saiam do seu imobilismo confortável, movimentem-se junto com o povo, façam-se ouvir, tenham coragem de assumir uma clara posição política, publicamente, indicando os melhores candidatos segundo seus julgamentos. Não será uma atitude ridícula nem ingênua – será uma demonstração de coragem cívica inédita, que o Brasil espera que aconteça para que se possa, então, pensar numa pacífica “revolução política”: a eleição de uma maioria de pessoas honestas, competentes e patriotas.
Independente da vontade dos “donos” dos partidos, longe das “máquinas de propaganda partidária”, junto com o povo e com as pessoas de bem, nacional e regionalmente conhecidas, vamos às urnas com a certeza de que a democracia é uma forma política exemplar que permite, inclusive, reunir um povo, espontaneamente, em torno do ideal de fazer ressurgir o Brasil ético que todos aguardamos, com a eleição dos melhores e mais bem capacitados candidatos.
É preciso começar o trabalho agora, é preciso dizer um basta ao que está aí na política nacional. O poder legislativo, conhecido como “o supremo poder”, necessita desse ato de exigência de dignidade e competência por parte do povo. A juventude estudantil e os aposentados são os mais disponíveis para este trabalho de arregimentação do eleitorado. Vamos usar as redes sociais. Vamos nos cuidar para não sermos envolvidos e instrumentalizados pelos espertalhões “donos do negócio”, sempre atentos para não perderem suas posições de mando. Tratemos de manter a pureza da nossa intenção. Que cada grupo, em todos os recantos do Brasil, assuma a responsabilidade histórica de fazer valer, com sucesso, esta iniciativa patriótica e democrática. Não é necessário fundar uma organização formal registrando-a em cartório – cidadãos e cidadãs esclarecidos, patriotas preocupados com o momento em que vivemos se organizarão para, em cada região do país, com a participação de renomados, conhecidos e respeitados brasileiros, indicar para o restante da população os melhores candidatos.
Não há tempo a perder – mãos à obra
Eurico de Andrade Neves Borba, 73 anos, economista, foi Professor Associado, Diretor do Departamento de Economia, Vice-Decano do Centro de Ciências Sociais e Vice-Reitor da PUC-RIO; Diretor Geral e Presidente do IBGE; Diretor Geral da Escola de Administração Fazendária; e diretor de outros órgãos.