Sexto trecho
-> Fortaleza – Recife, 15 de Dezembro, voo 1643, GOL, 18h55
O Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, à primeira impressão parece um shopping. Tão bonito e organizado – pelo menos para os horários pelos quais passei – contrasta com o ambiente externo: quando se pousa à luz do dia, por uma das cabeceiras (percebi isso em outra ocasião, em Junho), por pouco o jato não esbarra em algumas das centenas de telhados das casas baixas da comunidade que circunda a pista. O aeroporto fica dentro do Recife, perto da praia. Para os pilotos, ruim. Para os passageiros, o céu: chega-se à Boa Viagem em 10 minutos com um trânsito bom.
Pela localização, no Recife, o Guararapes virou um “entreposto” das aéreas brasileiras e internacionais. Seu movimento de hubs nacionais e estrangeiros é o maior da região Nordeste. É “por cima” do Recife, por exemplo, que os Airbus e Boeings em voos diretos partidos do Sudeste fazem “a curva” para a Europa. Daí, pelos que param ali, o terminal ser diferenciado: além de espaçoso, bonito. Como disse, um shopping.
Percebe-se isso pelo brilho do mármore no piso, pelos amplos salões de desembarque e embarque, pela qualidade dos serviços e comércios distribuídos no saguão. Logo de cara, o passageiro que puxa sua mala para fora da reposição de bagagem depara-se com um centro de informação muito bem arquitetado pelo governo do estado, e com profissionais bem treinadas. O cidadão pede informação de uma rua e, minutos depois, tem vontade de ficar uma semana para conhecer a riqueza pernambucana. (Fiquei três dias, valeu a pena).
Sinceramente não tive do que reclamar do aeroporto do Recife. Bem espaçoso, banheiros e pisos limpos, iluminação suficiente e um pé direito alto no saguão do check in, um emaranhado de escadas rolantes para os três níveis – a sensação de shopping, novamente – e a tranquilidade que se torna comodidade: a de, ao contrário de outros aeroportos da Infraero, o passageiro não se sentir enlatado ou sufocado.
E por ser um aeroporto-shopping, percebi o que, invisível aos olhos dos passageiros mas significativamente notório no bolso, é o seu defeito. O terminal faz jus ao apelido que lhe dei, quando assunto é compra e serviços ali: como um shopping, você paga um preço. É tudo muito caro. Desde os souvenirs até o lanche. E isso é caso para o próximo relato.
A série abrange as viagens do repórter realizadas de 5/12 a 3/01.
Reproduzida no Congresso em Foco, Correio do Brasil e Opinião e Notícia