O governo prepara delicada e sigilosa operação para devolver a Xambioá, no Araguaia (TO), as ossadas de duas crianças.
Foram descobertas no inventário feito recentemente pela Polícia Federal e avalizadas pelo Instituto Médico Legal de Brasília, junto aos ossos de outros 23 ex-guerrilheiros, guardados numa sala-cofre do Hospital Universitário da UnB.
A comissão de Mortos e Desaparecidos da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) vai pedir à Advocacia Geral da União e à Justiça Federal autorização para a operação.
O caso entra para o rol de mistérios envolvendo a guerrilha, seus desaparecidos e o que aconteceu com os mortos? As crianças não foram identificadas, e as autoridades investigam a ação de uma ex-guerrilheira que teria incluído os ossos no material da expedição de 2001, comandada pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), sem seu conhecimento.
À frente da operação está Gilles Gomes, o coordenador da Comissão na SDH, que confirma a autenticidade das ossadas. A operação também envolverá os Ministérios da Defesa e da Justiça.
DESCONHECIDOS. Segundo Gilles, não há marcas de tiros nos crânios. E à época da expedição nas quais foram recolhidas, não havia, como hoje, a tecnologia e o cuidado no reconhecimento.
23 NO COFRE. Desde 1991, a comissão, em seguidas expedições, procura os corpos de 64 guerrilheiros desaparecidos. Agora, em vez de 25 ossadas, oficialmente são 23 sob sua tutela.
CERCO NO CEMITÉRIO. Gilles garante que as expedições se empenham nas escavações com informações precisas e pesquisas antropológicas. E vai continuar a investigar o caso das crianças.
A VOLTA. As duas ossadas provavelmente serão enterradas no cemitério de Xambioá, como indigentes, até que se concluam as investigações de quem são.