Dia 23 deste Dezembro, o maestro pernambucano Israel de França, há anos radicado na Europa, foi retirado de um bar por policiais em Granada, Espanha, e espancado até desmaiar. Há forte suspeita de mero racismo, por ser negro. Publicou reportagem do Globo nesta sexta, 28.
Não havia queixa de clientes do restaurante sobre atitudes suspeitas, e garçons tentaram, em vão, conter o espancamento.
Não é o primeiro encontro de Israel, hoje aos 47, com a violência policial e o preconceito. Há 30 anos, Israel corria com seu violino atrasado para aula no Recife, quando foi parado por PMs. Negrinho com instrumento de elite era ladrão na certa. Teve de tocar uma cantata de Bach para provar inocência.
Na segunda, completam-se 25 anos da tragédia do Bateau Mouche no mar de Copacabana, no Rio de Janeiro. O espanhol dono do barco é radicado no Rio, proprietário de hotel de luxo em Copa, onde é visto. Não há registro de que PMs o tiraram da recepção e o espancaram na calçada pelo crime culposo da morte de 55 pessoas naquele Réveillon de 1988.
Resumo. A relação do Brasil com a Espanha, e em especial dos espanhois com os brasileiros, não acompanhou a evolução da História. Parece uma reedição constante do colonialismo camuflado nestes tempos modernos.