Decisões monocráticas de ministros contra canetadas do presidente dão munição a bolsonaristas
Os ministros do Supremo Tribunal Federal estão reforçando contra eles próprios o ônus da famigerada expressão Judicialização do Legislativo e do Executivo. É cada dia mais notório em diferentes setores – de bancas de advogados a entidades do terceiro setor, passando por escritórios de grandes empresas – que a Corte, em vez de se posicionar prioritariamente em assuntos constitucionais que não as questões políticas, tem dado tiros nos pés dos togados.
O Congresso Nacional não ajuda. Leva para o Supremo todas as insatisfações regimentais ou políticas as quais poderiam resolver nas Casas.
Já no STF, as recentes decisões monocráticas de barrar o decreto presidencial sobre a venda de armas e de impedir o aumento do piso salarial dos enfermeiros foram muito mal vistos por variados segmentos da sociedade. Enquanto bloqueiam as canetadas presidenciais de Jair Bolsonaro, que visam claramente a atender em parte seu eleitor, os ministros acabam dando munição para os ataques bolsonaristas.
O tiro no pé do STF saiu principalmente na saúde, setor no qual os únicos beneficiados são os donos dos hospitais privados (que ganham milhões de reais por mês), e os governadores (que administram mal as unidades estaduais).