O presidente Jair Bolsonaro está num caminho político e chegou a uma encruzilhada cheia de destinos que o levam a uma crise ideológica e do discurso anticorrupção que o alçou à Presidência em 2018. Cercado de ex-condenados, de investigados e de ex-detentos, ele decidiu pedir mais tempo aos partidos que lhe almejam em seus quadros.
Após conversas com os filhos Eduardo Bolsonaro, deputado, e Flávio Bolsonaro, senador, em Dubai – que o acompanham em missão oficial – Bolsonaro avisou a Valdemar Costa Neto na madrugada deste domingo (14) que vai adiar sua filiação ao Partido Liberal e pediu tempo para pensar. O próprio Valdemar acaba de soltar nota oficial anunciando a decisão de cancelamento da filiação.
Não será tarefa fácil. Além de Valdemar – um conhecido mensaleiro condenado na AP470 do STF (mensalão do PT) e indultado por Dilma Rousseff (com perdão confirmado pelo Supremo), Bolsonaro se vê cercado de enrolados com a Justiça. Outra opção, o Progressistas (ex-PP), controlado pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, é alvo conhecido da Justiça. O próprio Ciro foi investigado na Operação Lava Jato.
Outra opção, o PSC, é dominado pelo Pastor Everaldo, em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, após quase um ano detido em Bangu, por negociatas no Governo de Wilson Witzel. E o PTB, do agora detento Roberto Jefferson, que era um caminho, foi totalmente descartado.
É provável que Bolsonaro vá se filiar a algum partido do chamado “Centrão”. O PL ainda é o mais plausível, além do Progressistas. O Republicanos (com “ficha limpa”), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e com forte apelo evangélico, pode ser outra saída.