O Rei da Picanha
O empresariado do agronegócio, tradicionalmente conservador e de direita no país, torcia o nariz para o recém-eleito a presidente Luiz Inácio Lula da Silva – este que, por sua ligação sindical, criticava os fazendeiros ricos. O primeiro encontro entre eles, com Lula presidente, se deu em 2003, na Expozebu em Uberaba. Estava lá a nata dos fazendeiros, desconfiada e com semblante sério, para o primeiro discurso de Lula. O presidente, com toda a sua ginga política na fala de improviso, para todas as classes – que durante seus dois mandatos o notabilizaria – sabia do desafio e conquistou, gradativamente,e em poucos minutos, toda a plateia.
– Queria levar lá para o Japão a picanha de um zebu ou nelore para mostrar para eles o que é uma carne! – citou Lula, andando pelo palanque, sobre a viagem que faria.
Uns e outros mudaram a cara e se mostraram contentes. Alguns riram. E Lula os ganhou para valer quando finalizou o discurso, quase uma hora depois:
– Se eu pudesse, andava com uma picanha pendurada no pescoço!
Risada geral. E a turma do agronegócio – responsável por grande parte das exportações de commodities agrícolas do país e por bom naco do PIB – naquele dia passou a aliada do novo presidente.
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