Numa dança das cadeiras programada há meses, após guerra discreta entre PSB e PT, o Palácio do Planalto autorizou nesta sexta-feira, 4, a troca de diretores das principais empresas ligadas ao Ministério da Integração. Tutor político da pasta, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, cedeu à pressão de governadores aliados de seu partido e distribuiu apadinhados.
Mas o maior beneficiado foi o PT, que ganhou a Codevasf – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e as bilionárias obras de transposição. O cargo estava vago, com secretário interino, e entrou Elmo Vaz, afilhado do governador Jaques Wagner, da Bahia. Já o governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), emplacou na Codevasf o seu chefe de gabinete, José Augusto de Carvalho Gonçalves Nunes. Ele foi nomeado diretor de Revitalização das Bacias Hidrográficas.
Martins também conseguiu a presidência da Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, agência fomentadora, ao indicar o ex-deputado estadual Luiz Gonzaga Paes Landim. Quem sai enfraquecido é Geddel Vieira Lima, vice-presidente da Caixa. Landim entrou no lugar de Paulo Sérgio Fontana, apadrinhado de Geddel – pré-candidato ao governo da Bahia.
Ainda na Sudene entra Henrique Jorge de Aguiar Tinoco, indicado pelo governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). Ele assumirá a Diretoria de Gestão de Fundos e Incentivos e de Atração de Investimentos. Mais um apadrinhado de Gomes entrará como diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Dnocs – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Trata-se de Laucimar Gomes Loiola, ex-vereador em Tauá (CE).
Mudanças pontuais e mais discretas também mexeram com o andar do ministro da Integração, Fernando Bezerra. Ele enfim emplacou um nome seu na própria chefia de gabinete, o pernambucano Wagner Maciel. Saiu do cargo o irmão do ex-deputado federal Beto Albuquerque, Gelson Albuquerque, alçado a assessor especial do ministro.
Na hierarquia do ministério, a Codevasf é o órgão mais importante, por concentrar obras bilionárias, principalmente no Nordeste. Em seguida aparece a Sudene, pelo fundo de fomento a atividades produtiva na região. Neste cenário, saem fortalecidos os governadores Jaques Wagner (BA) e Wilson Martins (PI), respectivamente.
O Dnocs surge como terceiro na linha de poder na infraestrutura da Integração. O órgão, alvo na década de oitenta de investigações como sede da indústria da seca, já contou com 18 mil funcionários, no passado. Hoje, não passam de 2 mil, muitos deles em processos de aposentadoria.