A queda do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e a súbita ascensão do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) à liderança do Governo no Congresso mexeu com os brios do PMDB inteiro, a ponto de a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, propor há pouco um plano para acalmar os revoltosos Jucá, Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), a trinca que manda no partido na Casa Alta.
Ideli foi quem articulou e bancou a promoção de Braga à liderança. Sob pressão agora dos senadores ligados ao trio supracitado, quer afagar a turma. Chamou Jucá e Renan para uma reunião na quarta-feira. Vai lembrar que eles são importantes na coalizão e propor um rodízio na liderança. Como será, ninguém sabe. Mas a ideia será posta na mesa.
Jucá, pego de surpresa como todos os outros pemedebistas, anda inconformado pelo Salão Azul. Chegou a reunir os funcionários para tentar explicar o que nem ele entendia.
A promoção de Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas, se deu por fidelidade ao Palácio do Planalto. Foi tudo tratado em reunião dele com a ministra Ideli na sexta-feira, 9, no gabinete dela no Palácio do Planalto. Na surdina. O PMDB inteiro passou o fim de semana sem saber que Braga saiu do Palácio líder do Governo.
Tudo se deu depois que a presidente Dilma Rousseff chegou de viagem da Alemanha irada com a rejeição de Bernarndo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Ideli levou a bronca, e a distribuiu depois para todos os senadores. Sentiram-se, ela e a presidente, traídas pelo então líder Jucá, que garantira a elas que tudo estava calmo no partido. Elas colocam na conta do PMDB a derrota no plenário.
Ideli lembrou, porém, que Eduardo Braga a alertara, semana após semana, da trama interna do PMDB para derrubar Figueiredo em retaliação ao Planalto. Ela não ouviu. Arrependeu-se, e vê agora no aliado alguém para conduzir os trabalhos em nome do Palácio no Congresso. O tempo mostrará, então, se ele tem o cacife necessário para domar a fúria, a inquietude partidária e o heterogenismo ideológico de seus colegas no plenário.
Há um fato político submerso nessa manobra do Palácio. Dilma e Ideli não querem depender do grupo de Sarney no Congresso. Renan, outrora envolto em escândalos que o derrubaram da presidência do Senado, é novamente o candidato, e forte, deste grupo a voltar ao cargo. Logo, Braga não saiu só promovido do Palácio. Automaticamente tornou-se o candidato oficial de Dilma à Presidência do Senado ano que vem. Depende de seu desempenho.